Conversamos com a Ligia Nicacio, gestora ambiental que, ao lado de Filipe Barra, idealizou a Plantear – que produz e comercializa orgânicos em São Paulo – para entender a realidade de uma família que fez da produção sustentável um estilo de vida.
Há 3 anos, com a chegada de Benedito, o casal decidiu que era hora de levar o projeto de vida deles para outras pessoas e fazer a diferença no mundo. Hoje, com mais uma integrante da família, a Madalena, eles estão felizes da vida, vendendo saúde.
A gente sempre teve uma vida voltada à sustentabilidade. O que motivou nossa mudança foi isso: o desejo de ter uma vida mais conectada com a natureza , mais sustentável, uma alimentação mais equilibrada, com menos processados.
A Plantear surgiu quando a gente decidiu que não queria mais viver em São Paulo. No começo trabalhávamos com paisagismo, jardinagem e horta caseira. Tínhamos uma horta pra nós e os amigos, sempre que iam em casa, saiam com a feira. Então pensamos: por que não comercializar esse alimento?
Sempre quisemos ter um espaço nosso com uma alimentação que acreditávamos ser boa pra gente. Quando eu engravidei, pensávamos muito no nosso filho. Além disso, a gente não queria ficar saindo pra trabalhar e deixar ele com alguém ou ir pra escola muito cedo. Então começamos a plantar pra gente e trabalhar com essas coisas.
Desde que o Benedito começou a comer, a gente planta o que come e ele foi criando uma relação muito legal com o alimento porque ele vê o pai plantando, colhendo e ele também ajuda.
Só o fato de a gente conseguir colher o que vai comer aquilo cria essa relação com a sazonalidade. Porque, quando se vai no mercado, tem tudo o tempo inteiro. Quando a gente se propõe a comer aquilo que a terra nos dá naquele momento, e ter a criatividade pra fazer receitas com o que tem na hora, percebemos a sabedoria da natureza. Por exemplo, a fruta, no inverno, é a época da vitamina C, é a fruta cítrica. A natureza nos dá realmente aquilo que a gente precisa e é muito bonito quando a gente consegue entender essa relação e se adaptar a ela.
O gosto [dos alimentos] pra mim muda muito. Uma salada num restaurante é totalmente diferente da salada que eu como na minha casa, que eu pego direto da horta. A textura da folha, a cor, o gosto, o cheiro. E é um plano de saúde natural. O Benedito tem 3 anos e nunca tomou antibiótico. Eu vejo que tem uma força no corpo, que consegue lutar contra gripe ou contra virose muito rápido. Eu e o Filipe também, a gente poucas vezes fica doente.
Seguimos uma alimentação com mais verduras, legumes e fruta. A gente come carne, mas tenta ser consciente nisso também. Não adianta produzir orgânico e comer carne de galinha de granja, então priorizamos carne orgânica, peixe fresco, que sabemos a procedência. Evitamos ao máximo alimentos processados em casa. Até os dois anos o Benedito não consumiu açúcar, mas depois provou e às vezes pede um chocolate. E tudo bem, mas a gente tenta em casa não ter essas coisas ou, quando tem, tem um pouquinho e come todo mundo junto. E se é pra comer junkie, que seja fora de casa. Tentamos manter essa referência: em casa a gente come assim, mas também tem outras coisas e está tudo bem.
A produção do alimento orgânico, por não ter veneno, é uma produção muito trabalhosa. A gente já perdeu muito produto pra tatu, pra ouriço, pra formiga porque a gente tem que fazer uma manutenção ecológica dos predadores e não é simples. A adubação natural da terra também é mais difícil, então é um trabalho super forte. É isso que as pessoa não conseguem dimensionar quando dizem que o orgânico é caro. Ele não é caro, é mais trabalhoso mesmo.
Hoje em dia, cada vez mais, os produtores estão saindo da toca, está cada vez mais fácil comprar do produtor. Acho que o orgânico fica caro quando a gente vai comprar no mercado ou do distribuidor (que tem todos os custos intermediários). A gente estende a bandeira do produtor, quando as pessoas quiserem consumidor orgânico, busquem do produtor porque isso fortalece essa rede.
Para saber mais sobre a Plantear, acesse o site ou os perfis da Plantear Orgânicos nas redes sociais. Você também pode pedir suas cestas orgânicas e conhecer os produtos pelo e-mail plantear@uol.com.br.
*Todas as fotos deste post foram obtidas na página da Plantear Orgânicos.