O momento de apresentar os alimentos para o seu filhote chegou. E agora a questão mais importante é não pular as etapas da introdução alimentar: da papinha, para o amassado, à comida em pedaços até chegar ao sólido. É superimportante seguir esse passo a passo das texturas, porque é por meio desses estímulos que o filhote vai se organizar para ter uma respiração sadia, um peso de qualidade, aprender a mastigar bem os alimentos e não se tornar uma criança ou mesmo um adulto seletivo para comer. E não é só isso, esse momento também pode ajudar e muito no processo da mastigação. Para entender essa relação conversamos com a fonoaudióloga e psicopedagoga, Sheila Leal.
Sheila Leal:A criança nessa fase conhece o mundo através da boca. E é justamente nesse momento que se torna imprescindível a mãe passar da papinha, para o amassado, deixando aos pouquinhos que a comida em pedaços faça parte do dia a dia, até chegar ao sólido. Quando o pequeno tem algum tipo de alimento na boca, ele começa a trabalhar e a estimular de forma eficiente o crescimento de todas as estruturas como o maxilar e o crescimento do palato ogival. O crescimento dos dentes também está ligado a esse tipo de introdução alimentar e a forma como isso é conduzido pela mamãe, para que todas essas condições gengivais e de nervos possam ser estimuladas. O mais importante é deixar claro que durante essa fase, não se deve pular nenhuma etapa: primeiro o líquido, depois o amassado com garfo, até chegar ao sólido! Para que a criança não crie nenhuma aversão a um tipo de consistência alimentar.
Sheila Leal:A partir dos 6 meses a criança não só tem condições de levar os alimentos sólidos para a boca e chupá-los, como esse tipo de alimento irá ajudar em muito no desenvolvimento da fala, da dentição, da formação do paladar e a mastigar bem os alimentos. Mas também é importante respeitar a transição do pastoso para o sólido e oferecer todos os tipos de alimentos durante esse período.
Sheila Leal: Sugiro começar com banana amassada, pera, abacate, batata doce, compota de maçã e arroz. Alimentos com uma textura um pouco mais dura, porque nessa fase, a gengiva já está preparada para todo exercício de mastigação e a criança vai aprendendo a lidar com todas essas texturas dentro da boca.
Sheila Leal:É mais importante variar as texturas do que a variedade dos alimentos. Isso porque são as texturas que vão garantir se a criança vai comer de tudo ao longo da vida. Tem mãe, por exemplo, que, achando que vai facilitar a vida do filho, serve o alimento somente triturado ou batido no liquidificador ou passado na peneira até mais ou menos 2 anos. Isso pode a deixar o a introdução alimentar um pouco mais complicada, porque quando a criança for processar uma carne, ou mastigar um frango, algo que exija mais força muscular, ela não vai conseguir fazer todo o processo de mastigação. Por isso o mais importante mesmo é valorizar as texturas.
Sheila Leal:A primeira coisa a se fazer é treinar o processo de mastigação. Comece por oferecer os alimentos em talos, não cortados, nem amassados. Em seguida dirija o alimento para a lateral da boquinha da criança, depois do dentinho canino (aquele pontudinho), para que ela comece o processo de mastigação. Vale lembrar que até 4 anos a deglutição ainda é adaptada, ou seja, a criança amassa o alimento com a língua e engole dessa forma, pois muitas vezes ela não consegue mastigar bem os alimentos (o que pode ser percebido nas fezes). É importante fazer desse momento em que você vai ensinar seu pequeno a mastigar, algo tranquilo, Uma boa dica é colocar brinquedos ao redor, cantar para o seu filho, comer junto com ele, colocar o alimento do lado esquerdo ou direito, e ir sempre contando, cantando para que a criança possa exercitar isso de forma natural.
Sheila Leal: Procure ir para a mesa da forma mais relaxada possível, sem estresse. Leve os brinquedos que a criança mais gosta e interaja com eles. Promova algumas atividades, crie histórias, imite bichos e faça sons diferentes. Procure fazer com que a criança mastigue o seu alimento, organize e engula de uma forma segura e sem pressa. Ter pressa no processo de mastigação pode causar muitos prejuízos.
Sheila Leal:Quando mastigamos bem os alimentos, usamos todos os músculos da face, mas existem alguns que usamos mais. Como os que estão acima e abaixo do lábio superior (orbicular), os que ficam pertinho do osso que temos entre o nariz e a orelha (masseter) e aqueles que se movimentam quando fazemos a boca de peixe (bucinador). Quanto à fala, a mastigação promove um equilíbrio de toda musculatura facial, o que ajuda na articulação. Algumas pessoas que respiram pela boca, por exemplo, têm uma flacidez muscular, o que pode alterar a fala. Por isso, quando tratamos de crianças que apresentam trocas de fala, organizamos a respiração, a deglutição e a mastigação.