Leite materno “temperado” ajuda na formação do paladar do bebê

Leite materno é bom e vem em diversos sabores! E, por isso, é um grande aliado na educação do paladar do filhote. Saiba mais!

Ler um artigo embasando a minha opinião sobre a formação do paladar infantil e a importância do leite materno é sempre muito bom. Publicado no jornal The New York Times e replicado no portal do UOL, o texto foi escrito pela mãe e pediatra Perri Klass.

A autora relata que quando teve os seus filhos, os especialistas que a acompanhavam propunham tirar toda a graça da sua dieta, excluindo comidas temperadas com receio de que pudessem irritar o bebê.

Para a minha surpresa a Dra. Perri chegou a mesma conclusão que eu: se analisarmos a cultura alimentar pelo mundo, veremos que em diversas regiões a gastronomia é muito rica em temperos e especiarias, com uma diversidade enorme de frutas e vegetais, inclusive alguns bem diferentes dos nossos. Podemos citar a China, o México e até mesmo as diferentes regiões brasileiras. Vocês já se perguntaram o que as mamães asiáticas comem durante a gravidez e lactação, por exemplo?

Bebê marinado

Em um estudo chamado “Maternal Diet Alters the Sensory Qualities of Human Milk and the Nursling’s Behavior” (“A Dieta Materna Altera a Qualidade Sensorial do Leite Humano e o Comportamento do Bebê, em tradução livre do inglês), publicado pela revista científica “Pediatrics”, os pesquisadores notaram que os bebês ficavam mais tempo no peito e mamavam com mais vigor quando as mães aumentavam o consumo de alho. Segundo a avaliação dos especialistas, o leite produzido tinha odor mais forte.

A principal autora do estudo, Julie Mennella, biopsicóloga do Centro de Sentidos Químicos Monell, na Filadélfia, continuou estudando o efeito da exposição precoce no desenvolvimento do paladar, e chegou a conclusão que “o fluido amniótico e o leite materno possuem muitas informações sensoriais. O bebê tem acesso a essa informação quando consome o leite.”

Há estudos que comprovam que bebês expostos a alguns sabores ainda no útero e/ou durante a fase de amamentação, tem probabilidade maior de gostar destes sabores ao longo da vida.

“Os sabores consumidos durante a gravidez também chegam ao sangue e ao líquido amniótico, que é constantemente bebido pelo feto no útero, e os sabores degustados pela mãe durante o período de lactação passam das veias que fornecem sangue às glândulas mamárias e à produção do leite materno. Por isso, em vez de restringir a dieta da mãe, existem boas evidências de que comer uma grande variedade de alimentos saudáveis e saborosos durante esses períodos é na verdade um favor que fazemos aos nossos bebês”, ainda segundo o artigo.

Abaixo o tabu

A pesquisadora Lucy Cooke, psicóloga especializada em nutrição infantil e pesquisadora associada do University College London, afirma que, “os bebês que são amamentados com leite materno geralmente dão menos trabalho na hora de comer, uma vez que tiveram uma experiência variada em termos de sabores desde os primeiros estágios da vida. Ao passo que os bebês alimentados com fórmulas têm uma vivência uniformizada. A chave é a exposição contínua a uma variedade de sabores desde o princípio. Isso é fundamental para a aceitação de alimentos no futuro”

“Os bebês são extremamente adaptáveis e aceitam todo o tipo de sabores estranhos”, diz Lucy.

Concordo com a autora que diz que os sabores consumidos durante a gravidez ou durante a amamentação devam ser considerados um fator positivo ao invés de serem transformados em uma lista de proibições.

“Quando a mãe conta com uma dieta composta por alimentos saudáveis, essa é a melhor maneira de moldar o paladar do bebê. A criança só aprende quando a mãe também consome os alimentos”, diz Julie Mennella.

Eu já possuía uma alimentação saudável e variada, antes mesmo de engravidar. Então não foi preciso nenhuma mudança na dieta para garantir os nutrientes necessários para o bebê. Eu já tinha consciência do estímulo que estava oferecendo para o meu filhote durante a gravidez e amamentação, e posso afirmar que o resultado foi, extremamente, positivo.

“A comida é fonte de prazer. Existem muitos dados biológicos por trás do prazer de comer bem”, diz Julie.

O Gourmet Jr recomenda a consulta de um profissional especializado em caso de dúvida quanto a qualquer informação disponível no portal.