Como ajudar as crianças com autismo a se alimentarem bem
Crianças com Transtorno do Espectro Autista podem ser bastante seletivas ao se alimentarem. Conversamos com a nutricionista Lais Sassaki e contamos quais são as dicas para facilitar a a hora do papá.
A seletividade alimentar é um tema que preocupa bastante os pais
Afinal, rejeitando muitos pratos, as crianças também perdem nutrientes. E os filhotes com Transtorno do Espectro Autista parecem ser ainda mais seletivos na hora de escolher o papá. Para entender essa relação, o Gourmet Jr. conversou com a nutricionista Laís Sassaki, autora da dissertação “Efeitos de instruções e de manipulação do formato de frutas na redução da seletividade alimentar em crianças com Transtorno do Espectro Autista”, que nos trouxe boas dicas para ajudar na alimentação dos autistas. Além de bater também um papo com Angélica Teixeira, mãe do Noah, 5 anos, autista.
Mais seletivos
Se você é papai ou mamãe de uma criança autista e nota que seu filho recusa muitos alimentos, não se assuste. Por manterem padrões de comportamento restritos e repetitivos é comum que eles também sejam comedores seletivos. Algumas crianças chegam a ter dificuldades em completar a transição alimentar que vai da papinha, do suco até à alimentação com a família.
Ambiente calmo e assuntos agradáveis
É comum que os pequenos com autismo tenham momentos de maior agitação e isso pode também acontecer na hora do papá, o que pode acabar prejudicando a refeição. Por isso é importante garantir muita calma para esse momento. Deixe o ambiente agradável, evite distrações como televisão ou música altas (som, apenas ambiente e em volume baixo), procure conversar sobre os assuntos do dia, novidades da escola, planos para o final semana…
Participação no preparo do papá
é importante que as crianças tenham uma familiaridade com o alimento para se sentirem atraídas por ele, e chamar o seu pequeno para ajudar você na hora do preparo da refeição pode ajudar nisso. O simples fato do filhote pegar o ingrediente e sentir seu cheiro já faz parte de uma aproximação significativa, mesmo que naquele momento ele não queira consumi-lo.
Mostrar de forma divertida e cuidadosa frutas e legumes pode ajudar muito!
Apresentando os ingredientes
O tratamento da seletividade alimentar inclui a apresentação dos alimentos para as crianças. Mostrar de forma divertida e cuidadosa frutas e legumes pode ajudar muito! Vale lembrar que no caso das crianças com autismo, a rejeição pode ser por controles diferentes como cor ou cheiro, por exemplo.
Controle do peso
Existem dois fatores que podem contribuir para que as crianças com autismo tenham excesso de peso. Um deles é o fato de que alguns pequenos com TEA têm compulsão alimentar, o que faz com que eles comam excessivamente e sem controle. Em outros casos, por conta da seletividade alimentar, o ganho de peso é consequência do consumo exclusivo dos alimentos preferidos, que muitas vezes são industrializados como bolachas recheadas, salgadinhos, preparações fritas e outros alimentos de alto valor calórico. O ideal é buscar ajuda médica para a compulsão alimentar e sempre procurar oferecer opções mais saudáveis e não menos gostosas. Por isso o Gourmet Jr. acredita que o melhor é não apresentar alimentos industrializados para as crianças pequenas, autistas ou não. Se não conhecerem esse tipo de alimento não há como sentir falta, não é mesmo?
Papás que podem ajudar
Para diminuir esse consumo de industrializados o ideal é priorizar os alimentos antioxidantes e anti inflamatórios, como frutas e hortaliças. Também é muito importante investigar alergias e intolerâncias alimentares que os pequenos possam ter, o que diminui os desconfortos gastrointestinais.
O melhor é não apresentar alimentos industrializados para as crianças pequenas, autistas ou não.Se não conhecerem esse tipo de alimento não há como sentir falta, não é mesmo?
Um bom exemplo
Angélica Teixeira é mãe do Noah, 5 anos, autista, e conta que seu pequeno não é muito seletivo nas escolhas alimentares. Seu esforço de sempre fazer com que o pequeno coma alimentos saudáveis nas refeições principais e não a substitua por guloseimas ajudou nesse caso. “Faço questão que meu filho almoce, por exemplo e, mesmo quando ele não está com vontade, espero até ele querer comer de novo, ofereço a mesma comida e ele come!” diz.
“Mesmo antes de saber do diagnóstico do Noah (2 anos e 7 meses na época) eu sempre ofereci a alimentação dele da mesma maneira”, conta Angélica.
O que vai no cardápio do Noah:
Legumes, verduras, peixes, frango, carne, feijão, quinoa, arroz integral e uma frutinha de sobremesa. A única dificuldade enfrentada por Angélica é na hora dos snacks. Para o aperitivo o pequeno opta toda vez pelas mesmas bolachas e biscoitos. E para reduzir o consumo de industrializados pelo filhote, a mamãe tem uma dica: sempre procura dar as refeições principais, já que ele não apresenta seletividade, em casa e abre exceção para uma guloseima ou outra só quando o pequeno já comeu seu papá saudável.
O Gourmet Jr recomenda a consulta de um profissional especializado em caso de dúvida quanto a qualquer informação disponível no portal.