Amamentação e Introdução Alimentar: como conciliar?

Entrevista deliciosa com a pediatra Dra. Maria Otilia Nunes Bianchi para colocar de lado os pontinhos de interrogação e não a amamentação durante a introdução alimentar!

A gente já sabe que leite materno é o alimento mais completo para os nossos filhotes, com nutrientes na medida certa. Talvez por isso muitas mamães sofram com o receio dos seu bebês “abandonarem” o famoso tetê durante a introdução alimentar.

O Santiago deu tchau para o meu leitinho às vésperas de dar a primeira colherada, preferindo a mamadeira sugerida como complemento pelo pediatra. Quase 7 anos depois, com muito mais experiência e conhecimento nas mãos e outros profissionais me aconselhando, estou em busca de um outro desfecho para este momento de descobertas do Leo.

Conversei com a pediatra neonatologista, Dra. Maria Otilia Nunes Bianchi sobre as minhas dúvidas e receio de desmame precoce e vou dividir aqui o nosso bate-papo.

Além  de ser uma querida e ter participado do parto do meu segundo bebê, a Dra. Otilia carrega a bandeira da amamentação até os dois anos de idade e em livre demanda. Veja as orientações que ela me passou sobre como conciliar a amamentação e a introdução alimentar:

Como fica a o aleitamento materno em livre demanda durante a IA?

A partir de seis meses inicia a introdução alimentar, lembrando que o aleitamento materno é ainda o principal alimento para o bebê, a gente chama de introdução de alimentação complementar. É como se estivéssemos preparando o bebê para o futuro, para comer como a gente. Isso significa que a base ainda é o leite, se for materno, melhor. O restante vai entrando aos poucos conforme a aceitação e a gente sabendo entender que nem sempre o bebê aceita de pronto.

Então a gente começa a estipular uma rotina alimentar com alguns horários e a partir daí o leite materno que ficava em livre demanda adquire uns espaçamentos normais.

E a produção de leite nesta fase? Diminui?

Com esses espaçamentos a produção vai se acomodar a demanda do bebê. Se você produz uma quantidade x de leite e o bebê começa a mamar menos porque vai aceitando mais a comida a sua produção vai diminuir contemplando a atual necessidade do neném no momento. Ela se acomoda na verdade.

E se o bebê preferir mamar do que comer?

O bebê está em uma fase de transição, então no horário que a gente vai oferecer a comida, a gente oferece a comida. Mas, inicialmente, se ele não tiver uma boa aceitação, ofereça o seio materno para que o suporte mínimo seja atingido até que o bebê aceite os demais alimentos de forma mais adequada e a partir daí a gente vai pulando alguns horários que a gente ofereceria o peito, por exemplo. E com isso o neném vai crescendo e se adaptando a uma nova rotina alimentar, se interessando por outros tipos de comida.

Posso usar leite materno no preparo das receitinhas para o bebê?

Eu não vejo porque não! Pode ser utilizado sem problema, mas não vejo grandes vantagens nessa utilização. Culturalmente falando, cada local tem um jeito de fazer a introdução alimentar e não tem nada falando que isso é certo ou errado, principalmente quando a gente avalia que, por exemplo, aqui no Brasil começamos com fruta porque temos uma grande variedade de frutas, nos Estados Unidos que tem origem da Inglaterra, eles têm mania de cereais. Na Coreia, outro exemplo, eles começam com o arroz. Nem sempre o que temos por aí tem uma base científica, às vezes é uma base cultural. Eu gosto muito da introdução alimentar realizada aqui no Brasil, já que temos uma boa variedade e utilizamos pouco produto industrializado. Por isso, eu não usaria fórmula para se fazer comida de bebê, eu iria mais pelo natural mesmo, mas é questão só de gosto.


 

 

O Gourmet Jr recomenda a consulta de um profissional especializado em caso de dúvida quanto a qualquer informação disponível no portal.

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